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  • No livro de fato a

    2019-05-13

    No livro, de fato, bruton\'s tyrosine kinase aproximação aparece muito mais como uma metáfora do que como um tratado. Tudo parece girar em torno da palavra intuição ou de uma ideia de sensação. Algo a ver com o inexplicável. “ por que, ao entrar no quarto onde esse homem passa seus dias recluso [o homem imóvel], alguns visitantes uma atmosfera que guarda relação com o que se poderia considerar o futuro da América Latina”. Diga-se logo que a atmosfera do quarto é de tensão e violência, velhas conhecidas dos latino-americanos. E que a atmosfera é, sobretudo, de poder déspota e de relações escravistas, também velhas conhecidas da América Latina. Essa interpretação óbvia, porém, desmerece o livro de Bellatin, na medida em que esta não é só mais uma história das ditaduras latino-americanas. Parece-me assim, mais interessante tomá-la [a metáfora] como força bruta que impele a busca não de um sentido, mas de significâncias, como diria Roland Barthes. Uma significância talvez possa ser entrevista ao investigarmos o que mantém a atmosfera de tensão e medo no quarto e na casa inteira: os trinta cães raivosos prontos a obedecer aos comandos do seu dono. Perguntado sobre por qué escolheu a raça malinois para sua fábula, Bellatin responde: “Porque existia, na época em que me aproximei deles, o mito de que eram descendentes diretos do lobo. Que o homem não os tinha manipulado, como acontece com outras raças que acabam gerando animais problemáticos, e por isso a lealdade, a valentia e a inteligência eram conservadas em um estado mais puro.” Sabemos, claro, que os autores mentem muito, mas gostaria de explorar essa resposta porque ela dá uma outra volta para pensarmos a metáfora sobre o futuro da América Latina. Sobre o passado e o mito da raça pura, já sabemos. Sobre como os colonizadores europeus dominaram e reduziram aos seus comandos (ainda que enfrentando resistência e também sendo manipulados pela cultura americana) os “selvagens e os preguiçosos”, também já sabemos. Mas o futuro só podemos intuir. E podemos aqui lembrar um texto de Darcy Ribeiro da década de 1990, mas recentemente publicado: (2010), no qual ele faz um breve percurso histórico da colonização da América Latina e suas consequências até a Zero time-binding DNA comemoração dos 500 anos da chamada “descoberta”, que também quer dizer saque e genocídio. Nesse texto ele toca num ponto importantíssimo, creio, para qualquer reflexão sobre a América Latina hoje e que leva à minha leitura do livro de Bella-tin: como essas nossas civilizações se tornaram rapidamente ameaçadoras fora de suas fronteiras. Diz ele em tom irônico: “O povão latino-americano tanto se multiplicou que hoje excede, visivelmente, às necessidades da produção. Começa mesmo a causar preocupações. Que fazer de tanta gente desnecessária?” Como na casa do homem imóvel, a população ameaça se expandir, ameaça sair de sua jaula, ameaça, enfim, sair com sua raiva canina e despedaçar o mundo. Esse medo, essa ameaça, paira sobre a história de Bellatin como uma força contida pelo homem imóvel de perigoso humor instável, que pode perder [ou exceder] o controle à irritabilidade mínima. Tudo é o que é por causa desse medo e dessa possibilidade. Se os cães dessa raça menos manipulada, cujas lealdade, valentia e inteligência estariam conservadas em um estado mais puro extrapolassem os limites de suas jaulas [digamos, de suas fronteiras] ninguém estaria seguro. E, diga-se de passagem, há incidentes que mostram que o poderoso homem imóvel não tem o controle total sobre seus cães, apesar das incríveis demonstrações desse controle: “Apenas uma vez um dos cães desobedeceu às ordens do homem imóvel. Shakura, a cadela mais velha da casa, se lançou num descuido sobre a perna do aprendiz de instrutor. O homem imóvel insultou então o enfermeiro-treinador como nunca tinha feito antes. Imediatamente expulsou da casa o aprendiz de instrutor.”